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| Ministério da Educação precisa retirar sua chancela das bad apples do sistema universitário nacional |
Entre aqueles que se preocupam com os rumos da Universidade brasileira, o escândalo descoberto na Unip e amplamente denunciado na imprensa nos últimos dias continua sendo o assunto do momento, não só pela safadeza que a empresa praticou para burlar os resultados que a favoreceriam no Enade, mas porque o caso parece evidenciar uma infecção generalizada em todo o ensino superior privado nacional. O país está diante de um desafio que pessoalmente classifico como dos mais importantes para o seu futuro e, nessa medida, me parece que não é uma simples apuração de responsabilidades - dessas que a burocracia estatal acaba engavetando - que pode evitar as consequências mais nefastas do episódio.
Como causa dessas "consequências nefastas" (vai aqui um pouco da retórica que me parece que o caso exige) venho usando o conceito de "efeito Anhanguera" - uma cultura da esperteza e do gigantismo econômico-financeiro que se espalha pelo conjunto do sistema e que tem nessa holding uma paradigma que normatiza, para pior, as práticas de todas as escolas privadas. A rigor, penso que esse desdobramento no âmbito da ação dos empresários, com apego às mais legítimas tradições da selvageria com a qual sempre pautaram seu comportamento, tem como resultado a desorganização da presença reguladora do Estado. No final das contas, como pude afirmar em outro comentário, ministros após ministros, governos depois de governos, o que se verifica é sempre a sujeição do poder público à política do fato consumado das empresas. Em suma: duvido muito que o escândalo da burla do Enade seja uma prática exclusiva da Unip e nem que era ignorada pelo MEC.
A outra face do problema entendo que está ligada à filosofia pedagógica que orienta todo o conjunto das avaliações promovidas pelo governo: o critério do desempenho quantitativo do estudante como referência de qualidade. Enem e Enade são também contaminados pela orientação que favorece a constituição fraudulenta e manipulada dos universos de alunos que as escolas relacionam para as provas. A regra do jogo, portanto, o gaming como isso é denominado no editorial do Estadão de hoje (leia aqui), tem espaço que minimiza a prática anti-ética das escolas, o que as estimula a prosseguir na mesma política da vantagem a qualquer custo.
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Leia aqui a matéria do Estadão de 03 de março e acompanhe os desdobramentos da denúncia sobre as irregularidades praticadas pela Unip na avaliação do ENADE.
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Postado por J.S.Faro às 08:07
http://www.jsfaro.net/2012/03/unip-reflete-sistema-universitario-sem.html

Sobre o efeito anhanguera, alguns amigos meus, sendo eu um ex-professor da instituição (felizmente ex), costumam dizer "anhanguera" para algo que não é bom, não presta, caracteriza-se como golpe ou é simples enganação. Assim, já escutei coisas como "a tam é a anhanguera dos ares", "livro padrão anhanguera", "atitude anhenguerística" e por aí vai.
ResponderExcluirÉ a anhanguera fazendo escola.
PS: por sinal anhanguera rima com rastaquera!