Criada em 2003, a Anhanguera Educacional foi a primeira instituição de ensino a abrir seu capital na Bolsa de Valores, em março de 2007.
Desde então, frequentou as páginas das principais publicações econômicas. Em tons elogiosos que não escondiam certo deslumbramento, a empresa era tratada como marco de um novo modelo de gestão do ensino superior, capaz de conjugar qualidade de ensino e muita rentabilidade.
O tempo está mostrando uma realidade diferente. Todas as instituições adquiridas pela Anhanguera foram submetidas a uma "reestruturação" baseada na demissão em massa de professores, predominantemente os mais titulados; classes superlotadas e redução de carga horária dos alunos.
Só no final de 2011, pelo menos 1.590 professores foram demitidos nas unidades existentes no estado de São Paulo.
A diminuição do número de aulas tem um só objetivo: reduzir os custos - e a qualidade - daquilo que deveria ser a vocação natural de qualquer instituição : o ensino.
Como se não bastasse, a Anhanguera atrasou os salários de fevereiro em pelo menos três cidades: Guarulhos, Osasco e Sorocaba. Nesta última, a Justiça do Trabalho exigiu o pagamento imediato dos salários, em ação movida pelo Sinpro Sorocaba.
Tortura e assassinato
A denúncia mais recente foge do perfil que prevaleceu até agora. Refere-se à contratação de serviços de segurança privada de um ex-torturador do Doi-Codi.
A empresa contratada pela Anhanguera - a Dacala - pertence ao delegado aposentado pela Polícia Civil, Davi dos Santos Araujo.
Nos anos 70, Davi atuou no Doi-Codi sob o codinome Capitão Lisboa. Em ação civil movida em 2010 pelo Ministério Público Federal, ele figura como um dos responsáveis pela tortura e morte de Joaquim Alencar de Seixas.
Dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes, o operário foi preso dia 16 de abril de 1971, juntamente com seu filho, Ivan Seixas, de 15 anos. Ambos foram barbaramente torturados, um na frente do outro. Também foram presas sua esposa, Fanny, e outras duas filhas, Iara e Ieda.
Joaquim foi assassinado no dia 17. Sua morte foi divulgada pelos agentes de repressão antes mesmo de ter sido consumada.
Ivan, seu filho, disse ter ouvido de outros torturadores que a "paulada final", que acabou matando seu pai, foi dada pelo Capitão Lisboa. O torturador também foi acusado de abusar sexualmente de Ieda Seixas.
Esse é mais um exemplo, entre outros tantos, que mostra o que, de fato, é a Anhanguera. Definitivamente, está longe de ser modelo de gestão empresarial e muito menos educacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário