segunda-feira, 23 de abril de 2012

Alunos da Anhanguera reclamam de falta de aula Estudantes de câmpus da zona norte realizam protesto hoje contra 'precarização do ensino'



23 de abril de 2012 | 3h 02

Carlos Lordelo / Estadão.edu - O Estado de S.Paulo

Alunos do grupo educacional Anhanguera fazem hoje à noite mais uma manifestação contra o que classificam de "abandono e precarização do ensino". Os estudantes reclamam de problemas de infraestrutura, da demissão de professores e da implementação de atividades online que deixam os câmpus vazios sobretudo nas noites de sexta-feira.


Câmpus da Uniban na Rua Maria Cândida, na Vila Guilherme; corredores vazios às sextas-feiras
Desde o início do ano protestos semelhantes têm ocorrido em várias unidades da instituição. Desta vez, a mobilização será na Uniban da Rua Maria Cândida, na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo.

A Anhanguera Educacional, cujas ações são negociadas em bolsa, é o maior grupo privado de ensino superior da América Latina. A companhia fechou 2011 com valor de mercado de R$ 2,93 bilhões. No ano passado, comprou a Uniban, na maior aquisição da história do setor no País. Ultrapassou a marca de 400 mil alunos e consolidou a posição de liderança com 73 câmpus e 500 polos de educação a distância espalhados pelo Brasil.

O modelo pedagógico do grupo se baseia na utilização do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) como ferramenta de apoio a todos os seus cursos. No site, os alunos têm acesso a videoaulas, apostilas e exercícios e devem discutir os assuntos em fóruns e chats. A prática está de acordo com portaria do Ministério da Educação (MEC) que deixa as instituições de ensino oferecerem até 20% da carga horária das graduações em módulos semipresenciais. As avaliações têm de ser presenciais.

Demissões em massa. Mas os estudantes da Anhanguera reclamam da qualidade das atividades, de problemas para acessar o material e da falta de acompanhamento de professores e tutores. Os sindicatos de docentes, por sua vez, falam em demissões em massa, corte de custos e subversão das orientações do MEC.

O aluno do 3.º ano de Educação Física Gunther Hager, de 37 anos, diz que o seu link da AVA só foi habilitado há 15 dias. Segundo ele, a própria coordenação do curso avisou à turma que não se preocupasse com o tempo perdido. "Falaram que era só fazer um trabalhinho depois. Você acha que eu vou me matar para assistir a 30 horas de aula para depois fazer um trabalhinho?"

Como as atividades são online, os estudantes não se sentem obrigados a ir à faculdade às sextas-feiras. Os colegas de Hager até alugaram um campo de futebol para jogar bola no "horário livre". Enquanto isso, o câmpus fica praticamente deserto.

O Estado esteve na unidade da Maria Cândida na semana passada e encontrou corredores vazios. Em algumas salas havia aula e, em outras, pequenos grupos de alunos se reuniam para discutir trabalhos. No câmpus são oferecidos 16 cursos de graduação.

O aluno do 2.º ano de Direito Wilson Santos, de 37, vai à Uniban assistir a palestras visando a somar horas de atividades complementares. A de sexta-feira foi sobre aposentadoria. "A galera que não está nem aí gosta de não ter aula. Aposto que a esta hora não tem ninguém estudando."

Calouro de Fisioterapia, Paulo Rogério, de 45, só tem duas aulas às quintas e sextas-feiras. Ainda não conseguiu acessar o AVA, embora afirme estar em dia com a instituição. "Estou pagando para ter 20% a menos de aulas."

Segundo o presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo, Celso Napolitano, cerca de 1,5 mil docentes, a maioria mestres e doutores, foram demitidos da Anhanguera nos últimos meses. "Os professores são a matéria-prima que dá qualidade ao ensino superior", reclama.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,alunos-da-anhanguera-reclamam-de-falta-de-aula,864233,0.htm

Instituição diz que alunos 'não estão dispensados' às 6ªs


23 de abril de 2012 | 3h 03

O Estado de S.Paulo
A Anhanguera afirmou, em nota, que todas as instituições de ensino que integram o grupo atendem às exigências da legislação educacional e dos instrumentos de avaliação do MEC.

Disse que às sextas-feiras os alunos são orientados a fazer atividades complementares. "Podem ser atividades de complementação de elaboração do trabalho de conclusão de curso, ou realização de um estudo de caso que, conforme o tema, pode ser realizado em sala de aula ou em outros locais do câmpus."

Segundo a instituição, as atividades são "constantemente supervisionadas por professores de cada disciplina, que permanecem no câmpus para orientar e esclarecer dúvidas". "Os alunos não estão dispensados de permanecer na instituição às sextas-feiras."

Ainda de acordo com o texto, nas aulas de educação a distância os estudantes contam com a orientação de professores de EaD, tutores presenciais e a distância "que atuam na interação e no esclarecimento de dúvidas ao vivo por meio de chats".

Sobre as queixas dos alunos de Educação Física, a Anhanguera disse que já mapeou os problemas de infraestrutura do câmpus Maria Cândida e "vem trabalhando em um projeto de reforma e manutenção da unidade". A quadra deverá ser reaberta em maio, informa a nota. / C.L.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

SOU ESTUDANTE, NÃO ACIONISTA! UEE-SP CONVOCA MOBILIZAÇÃO CONTRA GRUPO ANHANGUERA

De maneira descontraída, os estudantes preparam uma “vaquinha” para a compra simbólica de ações da universidade 

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) convocam alunos, professores e toda a sociedade para uma série de mobilizações contra a Universidade Anhanguera. O ato simbólico das entidades estudantis será nesta quinta-feira (12), durante os turnos da manhã e noite, em frente a entrada dos campi Brigadeiro, Campo Limpo, Uniban Morumbi, Uniban Tatuapé, Uniban Vila Mariana e Uniban – Anchieta ABC. 

Ocorrerão mobilizações ao longo de toda esta semana, integrando a “Jornada Contra a Mercantilizarão do Ensino Privado”. Nos diversos campi da rede, estudantes passarão, de sala em sala, panfletando contra as atitudes da instituição e arrecadando moedas para a compra de ações do capital financeiro aberto da universidade. 

De maneira descontraída, a compra será simbólica e servirá como réplica contra a direção da universidade, que afirmou durante um protesto semanas atrás que a instituição é uma empresa é que só faz reuniões com “os seus alunos”, porque eles é que são “os seus clientes”. 

Eleita pela UEE-SP como “Instituição de Ensino inimiga da educação”, o Grupo Anhanguera entrou na “mira” dos estudantes após realizar uma série de demissões de professores em massa. Durante a transição da compra de 13 campi da Universidade Bandeirantes (Uniban) pelo Grupo, foram dispensados mais de 1.500 mestres e doutores, visando o lucro por meio do trabalho de profissionais com titulação inferior. 

Indignado, o presidente da UEE, Alexandre Silva, já avisou que as mobilizações vão se intensificar até que seja regulamentada a questão do ensino superior no estado. “Após o enfrentamento que sofremos nas últimas mobilizações, temos que aumentar o ritmo e o tom da nossa intervenção. É inadmissível uma instituição de ensino superior tratar o movimento estudantil como um elemento externo dentro da universidade, declarando que empresa de capital aberta não senta para se reunir com o estudante”. 


Para a Vice-presidente da UNE em São Paulo, Laís Gouveia, o momento agora é de apontar quem é de fato inimigo da educação. “Nos últimos meses, o grupo internacional ‘Pátria’ vem comprando universidades em toda a América Latina e o último exemplo disso foi aqui em São Paulo com a UNIBAN, onde foram demitidos mais de mil professores”, aponta.

“Devemos denunciar e fazer muita mobilização, pois, entrando no site e estudando os itens que lá constam, só se fala de compra de ações e lucro, não há nada falando sobre a excelência da educação, grade curricular qualificada ou outros itens que são de fundamental importância para garantir uma mínima qualidade de ensino. Por isso, cobrar a regulamentação do ensino privado é fundamental, tendo em vista que, infelizmente, o segundo maior lobby do Congresso é composto pelos tubarões de ensino”, denuncia.

A UEE acredita ser inaceitável o tratamento da educação como mercadoria, a exemplo do que o Grupo Anhanguera vem demonstrando ao desprezar a qualidade de ensino e transformando a instituição em mera fábrica de diplomas. Por esse motivo, a entidade vem se colocando ao lado dos milhares de estudantes e professores na luta por uma educação de qualidade e democrática no Brasil.


No twitter, a hashtag contra a instituição é #AnhangueraInimigadaEducacao. Disponibilizamos também aqui materiais para publicar nas redes, faça o download: 

Folder Anhanguera  – Frente

Folder Anhanguera  – Verso

Thatiane Ferrari (UEE-SP)

Universidade Anhanguera amplia aulas em EAD

QUA, 11 DE ABRIL DE 2012 14:41
   
Universidade Anhanguera Educacional firma parceria com a Samba Tech, especializada em soluções para vídeos online, para ampliar sua atuação na área de educação a distância com a disponibilização das aulas de graduação na internet, além das teleaulas já transmitidas para todos os cursos de graduação, especialização e extensão.

Na prática, as aulas realizadas nos polos de ensino são gravadas, exibidas nos polos de apoio presencial e, posteriormente, disponibilizadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para que o estudante possa ter acesso ao conteúdo, de qualquer computador conectado à internet. Simultaneamente ao vídeo, o aluno acompanha uma apresentação com slides com as informações sobre a aula na mesma tela. Como o conteúdo gravado fica disponível no AVA, a aula pode ser acessada a qualquer momento, ou seja, se o estudante perder um dia de estudo consegue ter acesso ao material lecionado depois.

Já os alunos da pós-graduação podem assistir as aulas ao vivo via internet de onde quiserem, com a possibilidade de interagir com colegas e professores via chat, além de enviar perguntas que são respondidas pelos professores em tempo real.

Com a integração da solução oferecida pela Samba Tech ao AVA – processo em desenvolvimento, atualmente- é possível entregar os vídeos com escala e segurança. A plataforma desenvolvida pela empresa facilita a gestão, potencializa o alcance dos conteúdos e permite a mensuração do consumo dos vídeos por parte dos estudantes.

O investimento está alinhado ao objetivo da Anhanguera de contribuir para a expansão do ensino superior em território nacional. “O conteúdo em vídeo está ganhando cada vez mais importância nos modelos pedagógicos. Queremos disponibilizar as aulas para o aluno acessar em qualquer computador conectado à internet, independente de onde ele esteja”, afirma Luciano Possani, Diretor Executivo de Tecnologia da Anhanguera, que é o maior grupo educacional da América Latina e o segundo maior do mundo.

A parceria também marca a entrada da Samba Tech no mercado de Ensino a Distância. “Sem dúvidas, esta área só tende a crescer e a utilização dos vídeos online é algo que traz benefícios às instituições e principalmente aos alunos”, comemora Gustavo Caetano, CEO da Samba Tech.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Anhanguera e o Capitão Lisboa

Criada em 2003, a Anhanguera Educacional foi a primeira instituição de ensino a abrir seu capital na Bolsa de Valores, em março de 2007. 

Desde então, frequentou as páginas das principais publicações econômicas. Em tons elogiosos que não escondiam certo deslumbramento, a empresa era tratada como marco de um novo modelo de gestão do ensino superior, capaz de conjugar qualidade de ensino e muita rentabilidade.

O tempo está mostrando uma realidade diferente. Todas as instituições adquiridas pela Anhanguera foram submetidas a uma "reestruturação" baseada na demissão em massa de professores, predominantemente os mais titulados; classes superlotadas e redução de carga horária dos alunos. 

Só no final de 2011, pelo menos 1.590 professores foram demitidos nas unidades existentes no estado de São Paulo. 

A diminuição do número de aulas tem um só objetivo: reduzir os custos - e a qualidade - daquilo que deveria ser a vocação natural de qualquer instituição : o ensino.

Como se não bastasse, a Anhanguera atrasou os salários de fevereiro em pelo menos três cidades: Guarulhos, Osasco e Sorocaba. Nesta última, a Justiça do Trabalho exigiu o pagamento imediato dos salários, em ação movida pelo Sinpro Sorocaba.

Tortura e assassinato
A denúncia mais recente foge do perfil que prevaleceu até agora. Refere-se à contratação de serviços de segurança privada de um ex-torturador do Doi-Codi.

A empresa contratada pela Anhanguera - a Dacala - pertence ao delegado aposentado pela Polícia Civil, Davi dos Santos Araujo.

Nos anos 70, Davi atuou no Doi-Codi sob o codinome Capitão Lisboa. Em ação civil movida em 2010 pelo Ministério Público Federal, ele figura como um dos responsáveis pela tortura e morte de Joaquim Alencar de Seixas. 

Dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes, o operário foi preso dia 16 de abril de 1971, juntamente com seu filho, Ivan Seixas, de 15 anos. Ambos foram barbaramente torturados, um na frente do outro. Também foram presas sua esposa, Fanny, e outras duas filhas, Iara e Ieda.

Joaquim foi assassinado no dia 17. Sua morte foi divulgada pelos agentes de repressão antes mesmo de ter sido consumada. 

Ivan, seu filho, disse ter ouvido de outros torturadores que a "paulada final", que acabou matando seu pai, foi dada pelo Capitão Lisboa. O torturador também foi acusado de abusar sexualmente de Ieda Seixas. 

Esse é mais um exemplo, entre outros tantos, que mostra o que, de fato, é a Anhanguera. Definitivamente, está longe de ser modelo de gestão empresarial e muito menos educacional.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sinal amarelo para as universidades particulares


Fechamento de faculdade, denúncias de fraude em exame do MEC em 30 instituições privadas e ondas de demissão de professores colocam o governo diante do desafio de regular um setor no qual estudam 78% dos alunos do ensino superior
Rachel Costa

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Em menos de três meses, a repercussão de problemas em cinco grandes grupos educacionais particulares acendeu o sinal de alerta para o ensino superior privado brasileiro. Só nos últimos dez dias, o Ministério da Educação (MEC) descredenciou a Universidade São Marcos, em São Paulo, e divulgou auditoria para investigar possíveis fraudes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) da Unip e de outras 30 instituições. Na mesma semana, o Serviço de Proteção ao Consumidor (Procon) de Campinas notificou a União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo (Uniesp) por suspeita de propaganda enganosa relativa ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies). A mesma instituição já foi proibida pelo MEC de usar a sigla Uniesp – por sugerir que se trata de uma universidade – e responde a diversos processos. Some-se a isso a demissão de cerca de dois mil professores pelos grupos educacionais Galileo e Anhanguera, seguida por queixas relativas ao aumento do número de alunos por sala de aula, a redução da carga horária presencial e a perda de qualidade nos cursos. Este cenário conturbado leva a uma pergunta obrigatória: estaria o aluno que ingressa nas faculdades particulares muitas vezes levando gato por lebre?

Por todo o País, as instituições privadas multiplicam-se rapidamente. De acordo com o último Censo da Educação Superior, elas já somam mais de 2.099 instituições – em 2000, esse número era menos da metade. Nelas estão 78% das matrículas no ensino superior e um poder de movimentação financeira de mais de R$ 28 bilhões anuais, de acordo com o último relatório do grupo Hoper, consultoria especializada em educação. O tamanho desses números impõe ao Ministério da Educação o desafio de não deixar que a educação se torne mero negócio. “Não há dúvida de que vamos precisar de mais gente e de pessoal especializado para dar conta dessa demanda”, diz Luís Fernando Massonetto, responsável pela recém-criada Secretaria de Regulação do Ensino Superior do MEC. O órgão, em funcionamento há menos de um ano, é uma resposta do Ministério aos mandos e desmandos perpetrados por instituições privadas. “Esperamos que com a secretaria se tornem mais claras as regras que devem ser seguidas pelas instituições particulares”, diz Adércia Hostin, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino.

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FIM 
A Universidade São Marcos, em São Paulo, foi fechada pelo MEC.
Douglas Claudino irá para outra instituição e terá de fazer mais um ano de curso

Diante da dificuldade de controlar o setor, o que se vê são muitos alunos à deriva, sem saber o que fazer diante de arbitrariedades. Caso de Luiz Augusto de Sá, 24 anos, que foi obrigado a mudar sua formação superior de filosofia para psicologia. Aluno da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, ele descobriu, no início do ano, que seu curso havia sido extinto. “A reitoria achou inviável mantê-lo e o encerrou. Fomos informados da decisão só em janeiro”, conta. O fechamento súbito soma-se a duas ações coletivas na Justiça contra a instituição, recém-adquirida pelo grupo Galileo: uma por causa do aumento abusivo de mensalidades (que, no cálculo dos alunos, variou entre 18% e 40%) e outra para reverter a demissão em massa dos professores. “Com base nas homologações que recebemos, já são mais de 400 demitidos”, diz Wanderley Quêdo, presidente do Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro. “Não tem como manter qualidade do ensino sem corpo docente.” O acúmulo de problemas tem incomodado os alunos. “Desde o início do ano, fizemos duas assembleias, com cerca de 500 estudantes em cada uma”, diz Igor Mayworm, aluno de história na Gama Filho e presidente da União Estudantil do Estado do Rio de Janeiro. “Em uma delas conseguimos levar o reitor, que prometeu sanar a falta de professores, mas isso ainda não aconteceu.” Procurado por ISTOÉ, o grupo Galileo não quis se manifestar.

Situação semelhante, porém ainda mais grave, acontece na Universidade São Marcos. Descredenciada pelo MEC por descumprir ordem de não realizar vestibular e sem pagar os professores, a instituição deixou ao léu seus mais de dois mil estudantes. Douglas Claudino, 30 anos, aluno do último período de administração da São Marcos, descobriu que a transferência obrigatória para outra universidade irá lhe valer ao menos mais um ano de curso. “Ia me formar agora, no meio de 2012”, diz. Embora muitos estudantes não tivessem a informação, a situação crítica da São Marcos não é nova. “Desde 2007 estamos alertando o MEC sobre problemas nessa instituição”, diz Celso Napolitano, presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp). “Ela já deveria ter sido fechada há muito tempo.” Napolitano critica o Ministério pela morosidade na avaliação das denúncias e na tomada de medidas.

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CRISE
Igor Mayworm, aluno da Universidade Gama Filho: 
promessa ainda não cumprida de sanar falta de professores

Quem estuda o ensino superior brasileiro, porém, garante que os casos assistidos nos últimos meses são apenas a ponta do iceberg. Por detrás desses escândalos está a incompatibilidade entre a regulação existente e as mudanças que têm ocorrido no setor, cada vez mais dominado por grandes grupos empresariais. “A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e outras portarias e decretos nos anos 1990 promoveram uma flexibilização muito grande do marco regulatório”, diz Aparecida Tiradentes, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. A especialista critica a falta de limites aos grupos empresariais que optam por maximizar seus lucros sem se preocupar com a qualidade do ensino. Para o professor Otaviano Helene, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o risco que se corre é o de deixar a educação sujeita apenas à lógica de mercado. “O que temos hoje são cursos de baixo retorno social, concentrados em poucas áreas de conhecimento, com carga horária pequena e distribuição geográfica equivocada”, resume.

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Em Osasco, professores da Anhanguera ainda esperam pagamento

02/04/2012 


Os salários de fevereiro de parte dos professores estão atrasados e o complemento dos valores errados ainda não foi depositado.

Com os atrasos, em 20/03 os professores conversaram e decidiram não entrar nas salas de aula.

No dia seguinte, o Sinpro Osasco denunciou a situação ao Ministério Público do Trabalho. O Sinpro aguarda a convocação para audiência pública. 

Da Direção da IES, os professores receberam a seguinte informação: as dívidas serão pagas até 5 de abril. Se isto ocorrer, o atraso terá completado um mês.

Mas o temor em Osasco é maior: existe incerteza sobre o pagamento do salário de março.

O Sinpro pede que os professores prejudicados pela Anhanguera procurem a entidade, que pode orientá-los e fazer novas ações em defesa da categoria.

Em dezembro, a faculdade demitiu 132 professores nas unidades de Osasco. Em todo o estado, foram dispensados pelo menos 1.590 docentes.

Anhanguera Educacional fecha 4o tri com prejuízo de R$30 mi

domingo, 1 de abril de 2012 15:45 BRT

SÃO PAULO, 1 Abr (Reuters) - A Anhanguera Educacional informou neste domingo que encerrou o quarto trimestre com prejuízo líquido de 29,9 milhões de reais, revertendo resultado positivo de 19,7 milhões registrado um ano antes.

A companhia apurou uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) praticamente estável no período, a 49,1 milhões de reais. A margem, enquanto isso, recuou de 21,4 para 14 por cento.

A empresa, que afirma ser a maior rede nacional de ensino superior do país, afirmou no balanço que para 2012 "o foco da companhia estará voltado em performance operacional e geração de caixa", após uma série de aquisições que incluíram a paulista Uniban, em setembro.

O grupo estima investir 100,4 milhões de reais em 2012, após 191,1 milhões em 2011.

A companhia encerrou 2011 com caixa de 281,1 milhões de reais, após 959,5 milhões em 2010, em meio ao processo de aquisições que consumiu 528,8 milhões de reais no ano passado, dos quais 295 milhões relativos à Uniban, segundo o balanço.

Em termos ajustados, o lucro líquido da companhia educacional somou 12,3 milhões de reais de outubro a dezembro, ante 2,5 milhões na comparação anual.

No quarto trimestre, a receita líquida da companhia cresceu 54 por cento sobre o mesmo período de 2010, para cerca de 350 milhões de reais, enquanto isso, o número médio de alunos saltou 36,9 por cento, para 400,1 mil. Além disso, o ticket médio cresceu 12,5 por cento.

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