terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Análise: Consumidor busca conteúdo, e não apenas preços baixos


19/02/2013 - 05h30

CARLOS MONTEIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A partir dos anos 90, o crescimento do ensino superior particular foi impressionante. De um lado, permitiu o acesso crescente de um número cada vez maior de pessoas de menor poder aquisitivo e menor base cultural. De outro, fez surgir um mercado extremamente competitivo.

Em primeiro lugar, essa grande competição pelo aluno (2.300 instituições, oferecendo 30 mil cursos e mais de 3,5 milhões de vagas) gerou uma grande ociosidade (carteiras vazias).

A seguir temos o fenômeno da concentração de matrículas (2% das instituições concentram 30% do alunado) e da concentração em determinados cursos (administração e direito somam um terço do total de estudantes).

O terceiro fator é a consolidação, ou seja, a formação de grandes grupos que trabalham em rede, com economia de escala, padronização e preços baixos. Tais organizações, de capital aberto ou fechado, transformaram o setor, profissionalizando-o.

Por fim, o quarto fator: a comoditização. Mais e mais instituições e cursos iguais, com professores iguais, com atendimento igual disputam o mercado dos sonhos do jovem brasileiro.

A trágica estratégia do "me tôo" se torna o mantra da maioria das 1.500 pequenas e médias instituições de ensino superior (se o modelo de curso é o mesmo e os professores também, o que faz a diferença é o preço baixo).

Querendo acompanhar a tendência dos preços baixos, que exigem escala, e o "tsunami" do consumo da nova classe média, as instituições esqueceram-se do "cliente".

Ao optar por preço, praticaram o "trade-off" de valor, deixando de preencher o conteúdo do diploma com competências e habilidades que o mercado necessita.

O sonho da classe C é o diploma de curso superior. Para que esse sonho não se transforme em pesadelo, é preciso que as instituições vendam valor, e não apenas preço. E o valor é definido pelo cliente, que faz um esforço extra para adquirir o produto/serviço (se não percebo valor, eu saio!! A consequência é a elevada taxa de evasão).

CARLOS MONTEIRO é presidente da CM Consultoria, empresa especializada em gestão no ensino superior.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Reitora proíbe manifestações sem autorização prévia na PUC-SP


Também será necessário pedir permissão para organizar eventos públicos nos câmpus
15 de fevereiro de 2013 | 20h 49

Carlos Lordelo, do Estadão.edu
A reitora da PUC-SP, Anna Cintra, proibiu a realização de "manifestações e eventos públicos" sem autorização prévia nos câmpus. O objetivo, segundo ela, é "não comprometer o desenvolvimento das atividades letivas e administrativas" da universidade. O ato foi publicado nesta sexta-feira, 15, e enviado por e-mail para toda a comunidade acadêmica.

Anna Cintra foi nomeada para a reitoria, em novembro, apesar de ter ficado em terceiro e último lugar na eleição da qual participaram alunos, funcionários e professores. A escolha do grão-chanceler da PUC-SP, o cardeal d. Odilo Scherer, revoltou parte da comunidade acadêmica, que fez greve no fim do semestre letivo.

A paralisação foi marcada por uma série de manifestações nos câmpus, sobretudo no maior deles, o de Perdizes, na zona oeste. Alunos em greve costumavam colocar som alto pela manhã, atrapalhando as aulas das turmas que não tinham aderido à mobilização contra a reitora.

Também é comum a realização de festas dentro da universidade. Como a unidade de Perdizes é aberta, em tese qualquer pessoa pode participar dos eventos à noite.

Em janeiro, Anna Cintra discutiu a segurança no câmpus e no entorno com representantes da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar, além do subprefeito da Lapa e de membros dos Conselhos Comunitários de Segurança da Lapa e de Perdizes. Na pauta do encontro ganhou destaque a realização de festas na universidade.

A partir de agora, para organizar eventos públicos na PUC-SP será necessário pedir permissão à Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias. O ato de Anna Cintra diz que "ficam sujeitas aos efeitos da lei quaisquer manifestações que configurem formas de intolerância ou ofensa à dignidade humana". Quem descumprir as novas normas poderá sofrer medidas administrativas.

Vaticano confirma Anna Cintra na reitoria da PUC-SP

15 de fevereiro de 2013 | 20h 41

EQUIPE AE - Agência Estado
O cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, entregou na tarde desta sexta-feira o decreto do Vaticano que confirma a professora Anna Cintra como reitora da PUC-SP no quadriênio 2012-2016. O texto é assinado pelo cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para Educação Católica.

No documento, Grocholewski diz que Anna Cintra tem "títulos e qualidades" que demonstram sua "idoneidade" para o exercício do cargo. O cardeal afirma também que a escolha da professora para a reitoria foi "legítima" e seguiu o estatuto da universidade. Uma cópia do decreto em português e outra em latim foram enviadas para toda a comunidade acadêmica da PUC-SP nesta noite.

Anna Cintra foi nomeada reitora apesar de ter ficado em terceiro lugar na eleição para o cargo, em agosto. A lista tríplice foi enviada para dom Odilo, que é grão-chanceler da universidade. A escolha do cardeal revoltou parte dos alunos, professores e funcionários. O segundo semestre letivo de 2012 foi marcado por uma greve que reuniu os três setores.