sexta-feira, 24 de maio de 2013

Bloco na Rua: A escandalosa fusão da Kroton com a Anhanguera

Cerca de 80% das instituições de ensino superior são particulares e contam com mais de 75% das matrículas brasileiras. A novidade é que de uns anos para cá, os empresários da educação resolveram abrir seus capitais na bolsa de valores e assim criar grandes conglomerados educacionais. Estes grupos resentam capitais que circulam pelo mundo todo, ao mesmo tempo em que investem em grandes empresas, passam a investir em universidades, concentrando-se cada vez mais, elevando seus lucros e rebaixando a qualidade do ensino. Como na música de Martinho da Vila O Pequeno Burguês: “Felicidade, passei no vestibular/Mas a faculdade é particular (…)/Livros tão caros/Tanta tacha pra pagar/Meu dinheiro muito raro…” Qualquer semelhança coma realidade não é mera coincidência.

As grandes fusões seguem a lógica do capital visando somente lucro. Recentemente, duas das maiores empresas de educação do país resolveram fundir-se como qualquer empresa faz para tentar monopolizar o mercado. O grupo Kroton Educacional e a Anhanguera Educacional se transformaram na maior empresa do ramo no mundo, deixando a chinesa New Oriental em um segundo lugar bem distante. O valor de mercado das duas gigantes juntas gira em torno de 12 bilhões de reais, enquanto o valor da New Oriental é inferior a 6 bilhões de reais. O futuro presidente da companhia ironiza ao afirmar que “já éramos a primeira e a terceira maiores companhias do mundo em valor de mercado e juntas somos mais que o dobro que a segunda maior companhia de educação do mundo”.

A negociação mostra claramente a visão mercantilista que tem predominado no ensino privado no país. Caso muito parecido com o do Grupo Galileo de Educacional, que originou a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando efetuou a compra da Universidade Gama Filho e da UniverCidade (Centro Universitário da Cidade) no Rio de Janeiro em 2011 e no mesmo ano demitiu cerca de 800 trabalhadores entre professores e demais funcionários, atrasou pagamentos, e cortou gastos, piorando a já defasada qualidade do ensino. Somente em 2012, em São Paulo, foram demitidos 1.600 professores universitários devido às grandes fusões das instituições.

A nova empresa engloba números astronômicos. As duas juntas terão aproximadamente 1 milhão de alunos espalhados em mais de 800 unidades de ensino superior e 810 escolas associadas em todo o país. Oferecerão ainda 123 campis de ensino presencial, 647 polos de ensino a distância, mais de 2 mil cursos de graduação, mestrado e doutorado, espalhados pelo país. A grandeza dos números assusta, porque na prática esses grandes conglomerados visam o monopólio e se guiam pela lógica neoliberal, demitindo funcionários e professores, cortando verbas de pesquisa e extensão, diminuindo os investimentos em infraestrutura e em materiais para o desenvolvimento dos estudos, entulham as salas de aula de alunos, sem nenhuma preocupação com a qualidade do ensino. A kroton controlará 57,48% da nova instituição e a Anhanguera os outros 42,57%.

A criação do novo elefante da educação brasileira está em análise pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o que já é um despropósito, porque para o Movimento Bloco na Rua a educação é uma questão estratégica para a difusão e transformação do conhecimento humano a favor do desenvolvimento nacional, que eleve o nível de vida e os horizontes culturais de todos os brasileiros, por tanto, não pode esta submentida a um órgão que tem a função de regular o comércio de produtos e serviços no país. Educação não é mercadoria.

Ao contrário da visão capitalista, que trata a educação de qualidade como privilégio de poucos, que envolvem grandes cifras para atrair grandes investidores na bolsa de valores, voltando-se inclusive para o capital internacional. O Bloco na Rua defende escola boa para todos, contra a mercantilização da educação em benefício do grande capital, em detrimento dos estudantes. Lutamos também acesso irrestrito à educação com qualidade para todos os jovens brasileiros com investimentos na inteligência, contratando profissionais capacitados à necessidade, com infraestrutura suficiente para o bom aprendizado, com mensalidades que caibam no bolso do estudante, sem perda da qualidade do ensino.

O movimento Bloco na Rua luta pela regulamentação do ensino privado, pela elaboração de um marco regulatório para o setor, que atenda as reais necessidades dos estudantes das universidades particulares no país. Por isso apoiamos o projeto de lei 4.372/2012, encaminhado ao Congresso pelo MEC, com objetivo de criar Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes). Ao Insaes caberá fiscalizar o funcionamento das universidades particulares em todos os aspectos, podendo inclusive intervir em instituições que não cumpram com suas responsabilidades e abusem de mensalidades extorsivas. Para que o Insaes não caia no descrédito e na inoperância defendemos a participação da UNE no conselho administrativo da autarquia.

Fonte facebook.com.br/bloconarua
http://ujs.org.br/portal/?p=15015

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