
O Centro Universitário Plínio Leite (Unipli), localizado em Niterói, Região Metropolitana do Rio, que teve uma série de irregularidades denunciadas pelo SRZD na semana passada, alegou que não desrespeitou as normas do Ministério da Educação (MEC). Após o MEC ter confirmado que a instituição não informou previamente a mudança do endereço dos cursos e que abriria uma investigação,
o Unipli, representado pela Anhanguera Educacional, disse que não era
obrigado a comunicar ao órgão por se tratar de um centro universitário.
Os estudantes reclamam que o novo prédio para onde eles foram
transferidos não tem condições de ocupação.
"A Anhanguera Educacional esclarece que o Unipli, por ser um Centro
Universitário, tem, conforme legislação vigente, autonomia para alterar o
local de oferta de cursos, sem a necessidade de aprovação prévia do
Ministério da Educação e Cultura (MEC). As informações referentes à nova
unidade, localizada à Rua Visconde do Rio Branco, número 701, bairro
Centro, já foram encaminhadas ao ministério para atualização de dados",
afirmou o Unipli, em nota.
Novamente procurado pelo SRZD, o MEC negou que a unidade
educacional tenha autonomia para mudar o local das aulas sem que antes
abra um processo de aditamento aos atos regulatórios no órgão."Mesmo as
instituições autônomas devem comunicar ao MEC as mudanças de endereço,
afinal, as IES (instituições de ensino superior) devem assegurar as
condições de oferta (qualidade) segundo as quais os atos autorizativos
foram expedidos. A autonomia não alcança a questão da mudança, tanto é
que para esse procedimento é necessário um aditamento do MEC", afirma a
assessoria de comunicação da pasta. Os alunos do Unipli, entretanto,
reclamam que nunca tiveram uma resposta às denúncias encaminhadas ao
MEC.
Além de ter desrespeitado a legislação vigente, o grupo Anhanguera
Educacional, que adquiriu o Unipli em 2010, também quebrou o contrato de
prestação de serviços com os estudantes. Em uma das cláusulas assinadas
no ato da matrícula, o termo de compromisso diz que "fica ressalvado, à
contratada, o direito de transferir a sede física de suas unidades,
[...] procedendo a comunicação ao contratante com antecedência mínima de
30 dias". Segundo os estudantes, a alteração foi informada apenas no
primeiro dia de aula do semestre letivo.

Estudantes protestam na internet
Insatisfeitos, os alunos do Unipli criaram uma página chamada
"Anhanguera Trolladora" no Facebook para reclamar dessa e de outras
falhas do grupo educacional. Os estudantes criaram um slogan irônico
para divulgar os percalços que vêm enfrentando na faculdade: "Quer se
ferrar? Venha estudar conosco. O que importa para nós é o lucro!". Eles
utilizam a rede social para compartilhar fotos da situação precária do
prédio, que entrou em obras no início das aulas.

Fernando de Moraes Borges, aluno do 3º período de Ciências Contábeis,
conta que algumas salas ficam superlotadas com mais de 130 alunos. Ele
reclama ainda que, por conta dos transtornos, os professores acabam
encerrando as aulas antes do horário. "O estudo virou uma
financeirização nessa faculdade, estão olhando somente para o lucro
superlotando uma sala com 130 alunos, professores que não têm condições
de dar aulas decentemente, diminuindo cada vez mais a carga horária das
aulas. Tivemos três meses de férias no final do ano. Isso é um absurdo.
Matricularam mais de 7 mil alunos neste ano, por isso criaram outro
campus. Cabe ao MEC investigar isso e a imprensa continuar em cima, mas
como tudo nesse país é muito lento...", desabafa o universitário.
Outro estudante, identificado apenas como Gabriel, reclama que o
cheiro de tinta e cola das obras impossibilita a permanência dos alunos
na sala. "O local onde estamos não tem condições humanas de habitação,
exitem janelas com vidro quebrados, o piso está solto, cadeiras
quebradas e pequenas, quando chove tem goteiras nas salas, a energia é
através de um gerador que funciona à base de óleo diesel. Inalamos o
tempo todo o cheiro do óleo, sem falar no cheiro de cola e tinta que
fica no ar e é também inalado durante o horário de aula. Para quem tem
doenças respiratórias isso é muito 'bom', eu que o diga".
Rachel Alcântara, que cursa o 3º período de Serviço Social, relata
que o Clube Canto do Rio, para onde as turmas foram transferidas, fica
em um local deserto e sem segurança conhecido como a "Rua do Perdeu".
Phillipi Barcelos, estudante de Recursos Humanos, conta que o reitor do
Unipli anunciou, na segunda semana aula, que cederia duas salas para que
duas turmas "brigassem" por elas, ainda no edifício onde eles haviam se
matriculado. Sem acordo, a direção teria informado sobre a
transferência de prédio. "Ouvimos da boca do reitor Marafon que ele
estava dando a liberdade e todas as condições de colocarmos a
instituição na justiça... Ahh! Estamos em uma sala divida entre três
cursos, um aperto só, pouca frequência de alunos e mal ensino!"

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